Aquela fase

O tal da fase ruim.....

Ano passo foi um dos anos mais marcantes e especiais para mim. Eu comecei a querer entender mais as coisas e a julgar menos (ainda preciso trabalhar muito isso, mas estou tentando de verdade desconstruir toda ideia mal fundamentada que há em mim). Tentei também a querer viver mais e a desapegar de antigas posturas. Quis o ‘’novo’’.  Infelizmente ainda me tranco um pouco para o mundo. Sabe quando a gaiola está aberta, mas você fica com medo de voar? É exatamente assim que eu me sinto em alguns momentos da minha vida. Um passarinho que tem medo da liberdade.

É madrugada, escura e fria. Uma noite que eu consideraria perfeita segundo minha personalidade de brasileira americanizada. No entanto, tô aqui, tentando apaziguar os sentimentos, escrevendo um pouco.   

Costumo dizer que o cômodo de uma casa que mais guarda o sensível e íntimo do ser humano, é o nosso quarto. Esse cantinho que todos os dias, guarda suas lágrimas, suas angustias, indagações, decepções... Carrega também as melhores surpresas e os melhores momentos da vida. Carrega sentimento. Carrega im-perfeição. Se o meu quarto fosse um balão, ele já teria explodido com tanta coisa que já descarreguei do peito para o lugar em que repouso meu pensar dia após dia. Passar por esse fase de conhecer o mundo e de conhecer o que você é, vai ser uma delícia alguns anos para mim, mas no momento, a única delícia agora é a lembrança de uma infância dormindo no sofá e acordando na cama.

Como eu dizia, ano passado foi marcante, foi uou. Foi cool, foi legal. Foi suave na nave. Mas esse ano porém, está sendo uma grande e terrível prova de física. Família da gente morrendo, família da gente adoecendo, família da gente enfrentando a crise do país, família da gente perdendo os crush (opa,linda!), família da gente ganhando, perdendo e recuperando amigos. Fútil para alguns e doloroso para outros. Sem contar na família da gente aí, passando fome. Família da gente aí sendo injustiçada. Família da gente aí encontrando a felicidade no sangue que escorre na lâmina. É tanta coisa acontecendo na menina aqui, no garotinho ali, e naquele alienígena bem por ali. É tanta coisa. É água salgada. É olho apertado. É coração na mão.  Fica difícil calcular o valor dessa gravidade toda aí.

E se tudo for como uma amiga disse, olha, vou te contar: a tarefa do ‘’é pra valorizar’’ vai ser aprendida. Tem gente que nunca aprende, mas eu aqui faço questão que se for pra amadurecer, por favor forças do universo, vamos maneirar aí! Tá sufrido, tio. Pode está engraçado, mas ta sufrido.  

Posso dizer que o meu dia foi como andar de salto alto (e nisso eu não manjo muito bem) por uma rua difícil de equilibrar e quando repentinamente, aquele bombo caga na sua cabeça. Você respira fundo e pensa que não dá pra piorar, mas não é que piora?

Estou até achando que no filme da minha vida eu sou a Anne Hathaway bem no começo do O Diabo Veste Padra. Naquela parte em que Miranda Priestly faz você correr atrás de exemplares do Harry Potter que ainda nem foram lançados só para presentear suas filhas que não souberam esperar como todo mundo (Diferentonas). E aí você vai pro Faustão e se vira nos trinta. É, tá na hora de eu começar a ler Pollyanna e começar a ver o lado bom da coisa.

Quem sabe, dê meia noite e a magia não acabe? Mas aí eu lembro que a moral desses contos sempre nos faz sofrer um cadinho antes... E ó, isso é tão exaustivo. Porque parece que a vida para meia noite e não continua. Não vem príncipe, não vem sapatinho de cristal, não vem final feliz. Pensando bem, tá tudo meio Alice né?  Isso porque é cada coisa de louco que eu vou te contar viu?! Você acha que o louco é você. Mas vem cá, será se é? 

Escrever durante a madru alivia que é uma beleza. Agora vou dormir né, quatro da manhã já né...

xoxo